
Introdução à Interpretação Historicamente Informada - Uma aproximação teórico/prática turma LSA-56
Apresentação
O crescente interesse pela música antiga, particularmente o repertório barroco e pré-clássico, tem levado à recuperação e à reinterpretação das práticas musicais históricas. O Movimento HIP (Historical Informed Performance) tem sido central neste processo, permitindo a redescoberta das características autênticas da interpretação do século XVII e XVIII. A formação proposta visa preencher uma lacuna na formação dos professores de música, abordando não apenas os instrumentos de corda, mas também os de sopro históricos, frequentemente negligenciados nas formações convencionais. A necessidade de integrar a música antiga nas práticas pedagógicas contemporâneas é cada vez mais urgente, dado que a maior parte das instituições de ensino superior e conservatórios já incorporaram no seu currículo a interpretação historicamente informada. Esta ação insere-se no plano de atividades da instituição, oferecendo aos docentes ferramentas práticas e pedagógicas para o ensino de instrumentos históricos, alargando as suas competências e preparando-os para uma abordagem diversificada e enriquecedora da música antiga.
Destinatários
Professores dos Grupos M1 a M25, M28 a M32
Releva
Para os efeitos previstos no n.º 1 do artigo 8.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Professores dos Grupos M1 a M25, M28 a M32. Mais se certifica que, para os efeitos previstos no artigo 9.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores (dimensão científica e pedagógica), a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Professores dos Grupos M1 a M25, M28 a M32.
Objetivos
Explorar as especificidades técnicas e estilísticas da interpretação historicamente informada, com especial enfoque nos instrumentos de sopro barrocos (flautas, oboé, trompete, etc.). Compreender as principais características estéticas nacionais do período barroco e pré-clássico, aplicáveis aos diferentes tipos de instrumentos. Ampliar o conhecimento do repertório solístico, camerístico e pedagógico do século XVII e XVIII, incluindo obras para instrumentos de sopro e orquestras históricas. Incrementar o domínio de ornamentação barroca, cadências e improvisação, com foco nos instrumentos de sopro. Fornecer recursos pedagógicos para a improvisação sobre estruturas harmónicas simples, particularmente aplicáveis aos sopros. Fomentar a consciencialização histórica como ferramenta pedagógica, explorando afinações, temperamentos e técnicas de sopro específicas. Melhorar a percepção e a plasticidade corporal dos alunos ao utilizar instrumentos históricos, com destaque para os sopros barrocos.
Conteúdos
1 Instrumentos Históricos: Características Gerais - Estudo das características organológicas de instrumentos de corda (violino, violoncelo, alaúde), sopro (flauta doce, oboé, trompete natural), teclados (órgão, cravo), e percussão barroca. - Diferenças entre instrumentos modernos e históricos, abordando como essas distinções influenciam a performance e a sonoridade. - Manutenção e cuidados com instrumentos históricos, incluindo ajustes e restauração básica. 2 Repertório Barroco e Pré-Clássico - Análise de compositores e obras para todos os tipos de instrumentos históricos: Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Handel, Antonio Vivaldi, Telemann, e compositores portugueses do século XVIII. - Repertório para diferentes configurações instrumentais (solista, música de câmara, música orquestral), com especial foco em obras menos conhecidas ou negligenciadas. 3 Tratados de Interpretação e Manuais Pedagógicos Históricos - Estudo de tratados históricos aplicáveis a todos os instrumentos, como os de Leopold Mozart, Francesco Geminiani, Quantz, e outros. - Aplicação das técnicas desses tratados à prática pedagógica contemporânea, abordando os princípios fundamentais da execução histórica para cada tipo de instrumento. 4 Técnicas de Interpretação Historicamente Informada -Técnicas específicas para a interpretação barroca em todos os instrumentos: articulação, fraseado, dinâmica e articulação. -Ornamentação barroca: appogiaturas, trilos, mordentes, vibrato e ornamentação livre, com aplicação prática para diferentes instrumentos. - Exploração das características de cada tipo de instrumento e como essas influenciam a técnica interpretativa (ex.: o uso do arco no violino e no violoncelo, ou a embocadura no oboé). 5 Improvisação e Cadências -Técnicas de improvisação sobre estruturas harmónicas simples, adaptadas a diferentes famílias de instrumentos. -Desenvolvimento de cadências no estilo barroco para instrumentos solistas e música de câmara. 6 A Música Antiga no Ensino - Estratégias pedagógicas para integrar a música antiga na sala de aula com diferentes instrumentos históricos. - Como aplicar a interpretação historicamente informada de forma inclusiva e interdisciplinar, com foco na motivação dos alunos e na construção de uma abordagem pedagógica diversificada. 7 A Música Antiga Hoje: Saídas Profissionais e Centros de Formação Superior - Discussão sobre as saídas profissionais para músicos especializados em música antiga, abrangendo todas as áreas instrumentais. - Apresentação de centros de formação superior que oferecem programas em música antiga, abordando tanto os instrumentos de corda como os de sopro e outros.
Metodologias
A formação será centrada na prática, experimentação, análise e investigação. Nas sessões presenciais, os formandos irão explorar repertório e técnicas de interpretação historicamente informada através de atividades práticas e experimentação instrumental. A abordagem será ativa, promovendo a interação e a aplicação direta dos conteúdos. No componente online, será dada ênfase à análise de fontes históricas, comparação de gravações e investigação sobre tratados e práticas pedagógicas. Os formandos realizarão estudos individuais e debates em grupo para consolidar aprendizagens e refletir sobre a aplicação pedagógica dos conteúdos. O equilíbrio entre prática e investigação permitirá aos participantes desenvolver ferramentas concretas para o ensino e interpretação da música antiga, integrando os conhecimentos adquiridos no seu contexto profissional.
Avaliação
A avaliação será contínua, baseada na participação, desenvolvimento técnico e pedagógico, e reflexão escrita final. Os critérios de avaliação serão: -Participação (20%): Envolvimento nas atividades práticas e discussões teóricas. -Motivação (10%): Compromisso e interesse demonstrados ao longo da formação. -Pontualidade (5%): Cumprimento de horários e prazos estabelecidos. -Reflexão escrita (30%): Relatório final sobre a aplicação dos conteúdos no ensino da música antiga. -Ateliers práticos (35%): Avaliação da execução técnica e interpretação, com foco na abordagem historicamente informada e na integração de diferentes tipos de instrumentos.
Bibliografia
Francesco Geminiani: The Art of Playing on the Violin. Gale Ecco, 2018.Nikolaus Harnoncourt: The Musical Dialogue: Thoughts on Monteverdi, Bach and Mozart. Amadeus, 2003.Frederick Neumann: Ornamentation in Baroque and Post-Baroque Music: With Special Emphasis on J.S. Bach. Princeton University Press, 1983.Leopold Mozart: A Treatise on the Fundamental Principles of Violin Playing. Oxford University Press, 1985.Bruce Haynes: The End of Early Music: A Period Performers History of Music for the Twenty-First Century. Oxford University Press, 2007.
Formador
Nuno Jorge Carvalho Mendes dos Santos